Consultora da gestão Sérgio de Mello está envolvida em investigação do GAECO 5a5e3l

Cleire Souza manteve contrato com a prefeitura de Guaíra, na gestão ada, para assessoria técnica e operacionalização e recebeu R$ 214 mil. Em Morro Agudo, está sendo investigada pela operação Eminência Parda, que apura irregularidades em contratos fraudulentos na prestação de serviços da istração pública

Policial
Guaíra, 15 de abril de 2018 - 10h04

Até o fechamento desta edição, Cleire de Souza era considerada foragida pela justiça.

A empresária Cleire Souza, uma prestadora de serviços que faturou R$ 214 mil dos cofres da prefeitura de Guaíra durante três anos da gestão do ex-prefeito Sérgio de Mello, está entre os nomes envolvidos no esquema de corrupção de Morro Agudo (SP).

Deflagrada pelos promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), a Operação Eminência Parda investiga secretários do alto escalão da prefeitura morro-agudense em um possível esquema de fraudes em licitações, inclusive Cleire, que era secretária de istração e Planejamento.

O esquema dos envolvidos, segundo o Ministério Público, era para obter benefícios e favorecer parentes, vereadores e laranjas com contratos fraudulentos de prestação de serviço ao Executivo. A estimativa é que o grupo tenha desviado R$ 1 milhão dos cofres públicos.

O prefeito de Morro Agudo, Gilberto Barbeti (PDT), foi afastado do cargo pela Justiça por 90 dias. Segundo o GAECO, ele é alvo de investigação da Procuradoria-Geral de Justiça, a quem compete apurar denúncias envolvendo Chefes de Executivo. Alvo de um mandado de prisão temporária, a secretária de istração e Planejamento Cleire de Souza é considerada foragida pela justiça (até o fechamento desta edição).

SELETA FOI INÍCIO

Coincidência ou não, a empresa Seleta, que também presta serviços na área de limpeza pública em Guaíra, está ligada diretamente aos desdobramentos da investigações que detectaram as irregularidade em Morro Agudo. Tudo porque as suspeitas sobre contratos de licitações naquela cidade surgiram em novembro de 2017 após a Operação Purgamentum. O GAECO apurou fraudes em contratos da coleta de lixo, que levaram o ex-prefeito de os, Ataíde Vilela (PSDB), à prisão.

De acordo com o promotor Rafael Piola, o ex-servidor público Thiago Stolarique foi apontado por funcionários da empresa Seleta, alvo da investigação, como o negociador de operações sem ocupar cargo na Prefeitura de Morro Agudo. Em 2012, decisão da Justiça por uma ação de improbidade condenou Stolarique à perda dos direitos políticos e à proibição do exercício de cargos públicos. Antes da punição, ele foi candidato a prefeito pelo PT no mesmo ano.

De acordo com a investigação, não havia processo licitatório para contratação de prestadores de serviço no município. O mesmo grupo já teria agido em duas gestões anteriores do prefeito Barbeti, de 2005 a 2012, mas de forma menos engenhosa. Rejeição de dados pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-SP) já indicavam as fraudes. O Ministério Publico afirma que o objetivo do esquema era direcionar contratos a pessoas integrantes da rede associativa de forma a obter privilégios. Cada chefe de secretaria estaria a cargo de cuidar para que os serviços necessitados pela pasta fossem conduzidos a membros da quadrilha.

“Aconteceram a fabricação de orçamentos falsos, contratos de preços fictícios justamente para contratar aquelas empresas que o município desejava. Alguns dos envolvidos, por exemplo, a Cleire e o esposo, faziam o companheiro Átila Juliano. Eles tinham uma empresa em que o nome efetivo está do pai dele e que era beneficiada na contratação sempre que ela esteve na gestão de uma pasta em Morro Agudo”, afirma um dos promotores do GAECO.

VEREADOR USAVA LARANJAS

Segundo o GAECO, o vereador Elvis Júnio Marques, o Juninho Serralheiro (PT) é suspeito de usar nomes de terceiros para que a empresa dele, que presta serviços de serralheria, pudesse obter contratos da Prefeitura. “Como ele é vereador, ele estaria impedido de contratação direta. Ele se utilizava de CNPJ’s diversos, de outras pessoas jurídicas, para que ele prestasse serviço e pudesse receber verba pública com isso.”

Ao ser preso, o parlamentar negou as acusações e disse que ficou surpreso com o mandado de prisão temporária contra ele. “Eu não devo nada. Graças a Deus, a população sabe, que eu não tenho nada, porque eu ajudo os outros e não preciso fazer isso, não preciso roubar, principalmente de um órgão público. Logo, logo, vou sair, só que vou provar a minha inocência”, disse.

Os documentos apreendidos, além de celulares e computadores, devem ajudar o Ministério Público a entender efetivamente qual a participação de cada um dos suspeitos na organização. Ainda durante os mandados de busca e apreensão, a Polícia Militar apreendeu munição, armas e R$ 31 mil. O dinheiro estava na casa da secretária municipal Cleire de Souza.

GUAÍRA

Através de sua empresa Cleire Souza Consultoria, a empresária atuou na gestão do ex-prefeito Sérgio de Mello (PT) na área de consultoria, assessoria técnica relativa e operacionalização e processamento de dados de convênio (SINCOV).

O jornal O Guaíra chegou a publicar reportagens no ano de 2016, alertando a população para os gastos excessivos com firmas de consultorias, entre elas, a de Cleire.

Levantamento realizado pela reportagem de O Guaíra confirma que na rede social da empresária existem diversos amigos de Guaíra que possuíram ligação direta ou indireta com a gestão do ex-prefeito Sérgio de Mello, dentre eles, o próprio ex-prefeito e sua esposa Selma Mello.

Resposta do ex-prefeito Sérgio de Mello

O jornal entrou em contato com o ex-prefeito Sérgio de Mello para saber sua opinião sobre o ocorrido com Cleire e se ele acredita que há possibilidade de irregularidade também na sua gestão.

Em nota, ele afirma que estava viajando e só soube do que aconteceu após e-mail enviado por essa reportagem. “Estava viajando desde 29/03, cheguei ontem à noite e só agora com esse e-mail soube e pesquisei na internet sobre o ocorrido em Morro Agudo. Também desconhecia que a Cleire Souza ocupava cargo de confiança lá. Em Guaíra ela atuou unicamente como prestadora de serviços, após participar e vencer processo licitatório, preenchendo os requisitos técnicos para auxiliar no setor de compras. Sempre trabalhou de forma prestativa e confiável, sob a supervisão do Coordenador de Compras Sr. Paulo Cesar Andrade. Não tenho dúvidas quanto à regularidade dos procedimentos em minha gestão”, disse.

Quanto ao envolvimento da empresa Seleta, o envolvimento da empresa Seleta neste e em outros casos de indício de corrupção em cidades da região, uma vez que ela iniciou sua prestação de serviços em Guaíra durante sua gestão, Mello enfatizou que “o processo de licitação já foi auditado pelo Tribunal de Contas e a prestação de serviços sempre foi regular, tanto que o contrato foi renovado pelo atual prefeito Jose Eduardo Coscrato Lelis.”

 


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