Em épocas eleitorais, é comum vermos um fenômeno recorrente: a busca incessante pelo “pelo em ovo”. Políticos, candidatos e seus apoiadores, em um esforço desesperado para desqualificar adversários, se empenham em encontrar falhas mínimas e detalhes insignificantes para atacar. Esse comportamento, embora possa parecer astuto e estratégico, revela uma miopia política e um desprezo pela inteligência do eleitorado.
A metáfora do “pelo em ovo” é emblemática. Ela nos remete a uma atitude minuciosa e mesquinha, onde o foco se desvia de questões verdadeiramente importantes para se fixar em pormenores irrelevantes. Durante as campanhas eleitorais, vemos acusações baseadas em trivialidades, em detrimento de discussões robustas e construtivas sobre políticas públicas, planos de governo e ideologias.
É como condenar uma árvore frondosa, carregada de frutos, por algumas folhas que caíram durante a noite e ainda não foram varridas. O que esses críticos parecem esquecer é que o eleitorado amadureceu. A população, cansada de promessas vazias e retóricas inflamadas, aprendeu a valorizar o conjunto da obra. Sabe que é impossível uma gestão perfeita, sem falhas ou erros, e que a perfeição é uma utopia inalcançável.
Os eleitores de hoje não se deixam mais enganar tão facilmente por falácias e ataques pessoais. Eles demandam clareza, objetividade e, acima de tudo, respeito. Querem entender como os candidatos pretendem melhorar suas vidas, quais são suas propostas para áreas essenciais como saúde, educação, segurança e economia. Buscam ver resultados concretos, históricos de realizações e, principalmente, um compromisso genuíno com o bem comum.
Quando a política se reduz à caça aos pequenos deslizes e à amplificação de falhas menores, perde-se uma oportunidade valiosa de debater o futuro. Em vez de construir pontes de diálogo e entendimento, constroem-se muros de desconfiança e desinformação. Em vez de unir forças para enfrentar os desafios reais da sociedade, perpetuam-se divisões que nada acrescentam ao desenvolvimento coletivo.
É hora de mudar o foco. Que candidatos e seus apoiadores elevem o nível do debate político, concentrando-se no que realmente importa. A política deve ser uma ferramenta de transformação social, e não um palco para espetáculos vazios de conteúdo. O eleitor não é mais um espectador ivo; ele é um participante ativo, consciente e exigente.
Portanto, em vez de procurar “pelo em ovo”, os políticos deveriam buscar soluções para os problemas reais da população. Deveriam mostrar como suas propostas podem impactar positivamente a vida das pessoas e construir um diálogo baseado, na verdade, na transparência e no respeito mútuo. Somente assim poderemos fortalecer nossa democracia e caminhar rumo a um futuro mais justo e próspero para todos.
O tempo dos ataques mesquinhos e das críticas infundadas já ou. A população quer mais do que isso. Ela quer ser ouvida, quer ser respeitada e, sobretudo, quer ver resultados. Que cada candidato, ao invés de varrer folhas caídas, plante árvores que darão frutos para as gerações futuras.