Épocas de crise, quando emerge uma série de questões graves que demandam decisões rápidas, fazem com que em despercebidas novas tendências sinalizadas pela evolução do cenário social e econômico.
Tendências essas que, a par de mudar regras do jogo, abrem janelas de oportunidades que podem propiciar bons resultados para países, empresas e até indivíduos.
Essa foi uma das reflexões feitas por Marcos Troyjo, conselheiro do CIEE e diretor do BricLab (Centro de Estudos sobre Brasil, Rússia, Índia e China, da Columbia University) em palestra realizada na última terça-feira, com o lançamento do livro Desglobalização; crônica de um mundo em mudança.
Cientista social, economista e diplomata, Troyjo parte da análise do cenário internacional nos últimos anos para tratar da crise da globalização profunda – fenômeno iniciado no pós-guerra e marcado pela integração econômica e política, que teve o ápice com a União Europeia.
A crise de 2008 trouxe o risco da desglobalização que, para o autor, significa não o fim de uma era, mas sim a desaceleração de um processo.
O que autoriza essa visão? O Ocidente em xeque; a emergência de políticas nacionalistas; a ascensão da China com a internacionalização de sua economia; os conflitos étnicos e religiosos; entre outros sinais que reforçam ações protecionistas e reduzem a abertura das fronteiras.
Nesse cenário aparentemente adverso, ele aponta mais uma oportunidade para a inserção efetiva do Brasil no concerto das nações. Entre outras possibilidades, aponta alguns efeitos da expansão chinesa, hoje com fábricas em vários países asiáticos com baixa renda per capita.
Neles, o crescimento da economia gerará mais emprego e renda, com aumento da demanda por bens que melhoram a qualidade de vida, inclusive a procura de alimentos, setor em que o País nada de braçada.
Nesse aspecto, vê uma ótima perspectiva para o Brasil. Cuja concretização, a meu ver, depende tanto de políticas públicas (marcos regulatórios efetivos, infraestrutura menos precária, estímulo à pesquisa e à inovação, etc.) quanto da mudança de estratégias e culturas empresariais mais adequadas – e antenadas – aos tempos que estão por vir.